Sim, Brasília é nova, muito nova, apenas 64 anos. Do ponto de vista histórico, e levando em consideração que estou me referindo a uma cidade, posso até exagerar e dizer: “Uma bebezinha!”. Mas, para quem nasceu, cresceu e viveu por aqui desde sempre, o que não faltam são histórias reunidas em um baú de memórias riquíssimo. Quando chega o Natal, então, época em que as emoções afloram, o saudosismo bate forte. No caso deste jornalista, por exemplo, a temporada festiva é sinônimo de inúmeras coisas, mas relembra principalmente o momento em que fui iniciado ao mundo dos vinhos — isso lá pelos meus quatorze, quinze anos. A capital federal da década de 1980 era bem “etílica”, vamos assim dizer. Anyway…
O fato é que, nos trópicos, a cerveja é muito mais popular, diferentemente da Europa, onde o consumo de vinho é um hábito secular, cultivado desde a adolescência. No Brasil, incursionamos nessa área sobretudo a partir de 1992, quando o país se abriu para as importações e fomos invadidos pelo Liebfraumilch, também conhecido como o vinho da garrafa azul, e seus pares adocicados. Antes disso, assim como a maioria das pessoas, nas festas de fim de ano eu tinha que me contentar com o bom e velho Sangue de Boi e sua turma. Os estrangeiros começaram a se popularizar por estas bandas quando eu já era um jovem adulto.
De lá para cá, cerca de três décadas se passaram, e muita coisa mudou, inclusive no mundo do vinho. No que se refere ao Brasil, a produção da bebida tem crescido significativamente nos últimos anos e já não é restrita aos estados sulistas. De acordo com números desse mercado, só em 2023 o país produziu aproximadamente 3,6 milhões de hectolitros de vinho, um aumento de 12,1% em relação a 2022 e de 31,4% em comparação à média dos cinco anos anteriores. Já o número de consumidores regulares de vinho passou de 22 milhões em 2010 para 44 milhões de brasileiros em 2022.
Curiosidades à parte, devo admitir que sigo firme e forte fazendo parte dessas estatísticas e, atualmente, com muito mais orgulho, já que em 2024 vimos nascer a Vinícola Brasília, uma iniciativa pioneira que reúne dez produtores do Distrito Federal com o objetivo de impulsionar a produção de vinhos finos no Cerrado brasileiro. Inaugurada em abril de 2024, ela está localizada a aproximadamente 60 quilômetros do Plano Piloto (no KM 07 da BR-251, na região do PADF). Com uma capacidade de vinificação que gira em torno de 400 mil litros por ano, sua principal casta cultivada é a Syrah, além de outras variedades como Marselan, Tempranillo, Cabernet Franc, Sangiovese, Grenache, Malbec, Pinot Noir e as brancas Sauvignon Blanc e Viognier, todas de colheita de inverno, provenientes do inovador e criativo sistema de dupla poda.
Praticante de técnicas sustentáveis que garantem a preservação da vegetação nativa do Cerrado, a Vinícola Brasília, apesar de muito jovem, vai além da produção de vinhos, oferecendo experiências de enoturismo, incluindo visitas guiadas com degustação, wine bar, e eventos sazonais com apresentações musicais, proporcionando aos visitantes uma imersão completa no universo dos vinhos do Planalto Central. E, antes que eu me esqueça, deixa eu ressaltar que o empreendimento é fruto da união de 10 produtores da região do PADF, que são eles: Casa Vitor, Ercoara, Horus, Marchese, Miro, Monte Alvor, Oma Sena, Alto Cerrado, Villa Triacca e Vista da Mata.
Para quem ainda não visitou o local, fica o aviso: os rótulos por lá são divinos! Entre meus preferidos estão o Monumental Syrah (reconhecido como um dos 16 vinhos brasileiros mais representativos na Avaliação Nacional de Vinhos da safra de 2023, em Bento Gonçalves – RS), o Rosé Pilottis (um vinho rosé que reflete a leveza e a elegância da arquitetura de Brasília) e o Cobogó Sauvignon Blanc (um branco que se destaca pela frescura e vivacidade da casta, inspirado nos elementos tradicionais da arquitetura local).
Claro que, se você for até lá, certamente trará algumas garrafas para degustar depois. Nesse caso, não deixe de assistir a este post, que traz três dicas essenciais para deixar sua experiência de beber vinho do Cerrado simplesmente inesquecível. Já dou o spoiler de que uma das sugestões é saborear a bebida preferida de Baco e Dionísio com a Taça Ícones da BSB Memo, um super presente para beber vinho à là BSB. Além de personalizada com os signos e símbolos da capital federal, ela é feita em cristal Bohemia (com titânio, leve e durável). Tenho certeza, inclusive, de que essa taça será sua grande companheira em degustações diversas, seja você um veterano ou um iniciante no mundo dos vinhos. E o melhor, diferente da minha experiência, você já tem à disposição vinhos de qualidade únicos feitos por aqui… Depois me perguntam por que amo esse lugar chamado Brasília. Enfim, tenham todos um Feliz Natal!
Crédito fotográfico: Reprodução/Instagram