“Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, que é pra te dar coragem, pra seguir viagem, quando a noite vem!” Eu bem que poderia começar a crônica de hoje citando os versos do Chico Buarque para expressar o “caso de amor” que tenho com a obra de Athos Bulcão em Brasília. Mas, quando fui ver direitinho, não sei se as conexões são as mais plausíveis. No entanto, acredito que, para se fazer uma tatuagem, é necessário ter consciência de que é para “sempre”; é preciso ter “coragem”; e ajuda sim a “seguir viagem”, principalmente, se abstrairmos que “a noite” pode ser uma referência aos momentos de hesitação, comuns em casos de amor. Eita, será que essa colou?
O fato é que, como brasiliense roxo que sou, não tive dúvidas de que um dia gostaria de marcar minha cidade natal no meu corpo com tinta. E, por mais que essa atitude tenha custado nada menos que 38 anos, sempre soube que Oscar e Athos estariam entrelaçados de uma forma simples e fluida, seja lá qual desenho fosse o escolhido. Acho que também não é por acaso que, nesta série que estou fazendo para a BSB Memo, a verve para crônicas intimistas tem aflorado naturalmente, o que acabou me levando quase “por acaso” a falar, neste texto, sobre a Igrejinha da 307/308 Sul, e, no último texto, sobre as curvas da cidade e minha admiração pelas colunas do Palácio da Alvorada. Você leu? Se não, clique aqui e corrija logo esse ato falho.
Voltando à Igrejinha, admito: é o monumento que faço todo e qualquer turista visitar, independente de quanto tempo eu tenha para lhe mostrar a cidade. Mesmo se for por uma noite apenas, tem que tirar uma foto com a pomba do Espírito Santo e a Estrela de Belém ao fundo, para dar proteção ou simplesmente porque é esteticamente maravilhoso e a foto fica linda nas redes sociais. Para quem não sabe, o carioca Athos começou no mundo das artes pelas pinturas e gravuras, mas mudou o rumo da sua carreira ao ser convidado por Niemeyer para colaborar no projeto dos azulejos de Brasília, antes mesmo de ela ser inaugurada em 1960.
Seu trabalho adorna os edifícios mais emblemáticos da nova capital, marcado por padrões geométricos e cores vibrantes, uma contribuição fundamental para a estética modernista da cidade planejada. Até mesmo porque, não se tratam de simples azulejos, mas de um projeto que nascia junto com a concepção arquitetônica de cada construção. Por tais características, fui conquistado desde sempre e mais ainda pela Igrejinha, que ganhou sua única criação figurativa, representações delicadas e evocativas, que se destacam como um testemunho da versatilidade e sensibilidade artística de Bulcão.
Agora, você me responda: como não tatuar tal obra de arte na pele? Pois é, e se a curiosidade já estiver te incomodando para ver essa tatuagem, clique aqui neste link e assista ao Reel que complementa este texto. E como nem todo mundo tem coragem para encarar a agulha, se liga na dica que trago no vídeo: a camiseta Revoada, assim como o templo religioso, branca e azul, carregada de simbolismo. Ela está te esperando lá na Banca da 308 Sul, mas se quiser encomendar online, basta clicar aqui. Ah! E se faltar desculpa, faça como eu: aproveite que a Igrejinha completou 66 anos agora, dia 28 de junho de 2024, e presenteie-se com uma homenagem a Athos Bulcão!
P.S. Aos admiradores do designer, não deixem de visitar a Fundathos, que fica logo ali na 510 Sul.