Em tempos de Maps, Brasília segue firme com sua sinalização urbana única

“Em trezentos metros, vire à esquerda”, ordena a moça que nunca vi na vida, mas que mesmo assim, insiste em dizer quais os caminhos que devo seguir em uma cidade dona de um dos melhores sistemas de sinalização do país e, se bobear, do mundo. A este ponto, acredito que não seja mais necessário dizer que sou apaixonado por Brasília. Não é mesmo? Afinal, se você vem lendo as minhas crônicas aqui no Blog, já ficou bem claro o quanto esse sentimento é forte em mim. Mas também, convenhamos: como não amar uma cidade que tem uma de suas placas no icônico Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York? Eita! Você não sabia disso? Então vem comigo que vou te contar essa e outras curiosidades que te darão motivos de sentir orgulho por viver ou conhecer a capital federal do Brasil.

Para começo de conversa, é preciso esclarecer que a construção de uma identidade própria passa, essencialmente, por aquilo que nos representa. E isso pode muito bem se aplicar a uma cidade como Brasília, onde as placas de sinalização, por exemplo, não estão ali somente para te indicar direções ou informar localidades. Aqui elas deixam claro que a comunicação urbana acontece de um modo especial, respeitando as singularidades locais. E é graças a esse sistema exclusivo que todo mundo consegue entender que SQN significa Super Quadra Norte ao invés da hashtag Só Que Não. Em alguns casos pode até se relacionar ao meme, mas isso vou deixar mais para frente.

Vamos seguir lembrando que nosso espaço urbano, dividido em diferentes setores, viu a lógica se misturar simbioticamente à visão lúdica dos grandes artistas que conceberam a nova capital. Sim, eu estou falando que tão importante quanto Lucio Costa, Niemeyer e Burle Marx são pessoas como Danilo Barbosa, arquiteto e designer que, no final da década de 1970, concebeu e implementou o nosso projeto atual de sinalização, ovacionado por integrar e interagir perfeitamente com as escalas e prédios que compõem a nossa cena urbana.

Donas de um design de linhas retas, as filhas de Barbosa usam tipografia equilibrada e bem definida, a Helvética, e uma paleta de cores inusitada. A sinalização de Brasília é igualmente moderna, prática e atemporal por natureza. Enquanto as placas verdes indicam as direções; as azuis determinam a localização exata; e as marrons seguem o padrão internacional para denotar os pontos turísticos. E se estas usam desenhos personalizados ao invés de ícones universais, as outras duas se valem de setas para ajudar em sua total compreensão. Quer mais? O tamanho das letras é o ideal para que os motoristas as leiam com segurança, mesmo que estejam a uma velocidade de até 80 km/h.

Ufa! É tanta coisa sobre algo que parece ser tão simples, que quando a gente vê, já escreveu um textão. Então, deixa só eu te contar mais dois detalhes antes de partir. Lembra que eu disse que tem uma placa de Brasília no acervo do MoMA, o templo do design e da arte moderna? Pois bem, em 2012, após articulações do diplomata André Corrêa do Lago com Danilo Barbosa junto ao museu, a escolhida foi aquela que indica as “quadras modelo” 107/108, 307/308 Sul (as únicas que são fiéis ao projeto de Lúcio Costa).

Por fim, quando eu disse que SQN poderia sim se referir ao meme, eu não tava mentindo, bem como Super Quadra Sul pode se transformar em SQSaudade ou qualquer outra frase, nome ou brincadeira que você queira fazer com inspiração nas placas de Brasília. Há cerca de quinze anos, a BSB Memo vem oferecendo pioneiramente plaquinhas personalizadas que se transformam em presentes de um valor sentimental imensurável. Eu mesmo já garanti a minha PERAMBULANDOCOMOGIBA, e já mandei para amigos nos quatro cantos do mundo esse mimo, que você pode encomendar clicando neste link e receber na sua casa ou retirar lá na Banca da 308 Sul. Indo até lá, aproveita e faça uma foto na placa original daquela que está no MoMA e ajude a disseminar o orgulho que temos pela nossa cidade. Eu já fiz a minha parte no vídeo desta semana, vem ver!

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